Economia compartilhada: o que é e como afeta o mercado de transportes de cargas
A economia compartilhada te leva a pensar o porquê você precisa daquele bem, ao invés de apenas adquiri-lo. Você quer um carro ou precisa se locomover para o trabalho? Quer um quarto de hotel ou precisa de um lugar para se hospedar quando sair de férias?
Segundo a especialista e escritora do livro “What is mine is yours”, Rachel Bostman, a economia compartilhada pode ser definida por três grandes sistemas:
Mercados de redistribuição: quando itens que não são mais utilizados por uma pessoa ou empresa passam para outro local onde ele é necessário. Baseia-se nos princípios de reduzir, reutilizar, recuperar, reciclar e redistribuir.
Lifestyles colaborativos: quando a proposta é compartilhar recurso tais como dinheiro, tempo e habilidades. São contemplados por marketplaces de pessoa para pessoa, onde todos podem compartilhar e receber recursos.
Sistemas de produtos e serviços: quando o consumidor paga pelo uso e benefício de um produto e não pela posse.
No entanto, as soluções de economia compartilhada têm como objetivos gerar confiança entre os usuários e melhorar experiências. Como também a colaboração na economia e sustentabilidade.
Essa tendência fez surgir uma série de sistemas e aplicativos capazes de ajudar a operacionalizar a troca. Além disso, cria essa nova concepção de bens duráveis, que passam a ser vistos como objetos de uso temporário. Veja só alguns exemplos:
Airbnb
O Airbnb, por exemplo, é um sistema em que pessoas podem oferecer cômodos ou imóveis inteiros que não estão sendo utilizados para quem deseja alugar por uma temporada. No entanto, mesmo cobrando uma taxa de serviço, a ferramenta pode se mostrar m ais econômica do que outras opções de acomodação.
Uber
O mesmo acontece com o Uber, que conecta pessoas com carro e vontade de fazer um dinheiro extra com quem precisa se locomover mas não quer dirigir e nem pagar mais em um serviço de táxi.
Beliive
Já o Beliive possibilita a troca de tempo livre entre os usuários, em que cada hora ensinada dá direito a horas para aprender com outras pessoas assuntos que sejam do seu interesse.
Dá mesmo para confiar nesse modelo?
Na economia colaborativa, ganha mais quem é mais confiável. Ou seja, quanto mais avaliações positivas de outros usuários, melhor a classificação. E, claro, mais chances de ser escolhido – como contratante ou como contratado.
A reputação, portanto, volta a ser um grande critério de qualificação. Já que ajuda a identificar indivíduos e empresas com postura duvidosa.
Como esse modelo está presente no mercado de transportes do Brasil?
A economia compartilhada traz uma série de mudanças na sociedade como um todo, e não poderia ser diferente nas empresas do mercado de transporte de cargas. Além disso, uma delas (possivelmente a maior) é o aumento dos modelos de renda e emprego através da prestação de serviços sob demanda. Isso diminui o consumo e aumenta a variedade de produtos disponíveis.
Muitas empresas já adotam o escritório compartilhado, ou coworking, como forma de diminuir custos com infraestrutura física. Além de economizar, trabalhar em um coworking pode ajudar a:
- Aumentar a rede de contatos;
- Estar presente em mais cidades com menores custos;
- Impulsionar negócios.
Além disso, segundo levantamento anual divulgado pelo Coworking Brasil, já existem mais de 400 espaços de escritórios compartilhados espalhados pelo país (52% a mais que em 2015).
A economia compartilhada no transporte de cargas pode ser aplicada na contratação de autônomos sob necessidade, ao invés de manter uma frota que em baixa demanda fica ociosa e acaba gerando gastos desnecessários de manutenção. O TruckPad é um exemplo de sistema de economia compartilhada, que permite que empresas encontrem autônomos para suas cargas – e vice-versa. Assim como nos demais sistemas citados, tanto caminhoneiro como contratante podem deixar avaliações.
Nesse caso, a economia compartilhada ajuda a evitar que o autônomo volte com o caminhão vazio. Quando a demanda está baixa, a empresa, por sua vez, evita gastos para manter pessoas e veículos parados no pátio. E economiza também por não precisar enviar caminhões da sua própria frota para entregas que não tenham carregamentos de volta,o que evitará desperdício de tempo e dinheiro.
Outro exemplo de ferramenta como esta no segmento de logística é o Rapiddo, que atende pessoas físicas e jurídicas que necessitam de um entregador de confiança (motoboy, van ou bicicleta), providenciando uma entrega rápida e segura. É possível fazer a cotação online (via site ou aplicativo) e contratar o entregador mais próximo.
Já o Shippify pretende ajudar comerciantes locais a entregarem seus produtos aos consumidores finais por meio de shippers cadastrados e verificados. Qualquer proprietário de um meio de transporte, seja bicicleta, carro, moto, carro de passeio etc, pode se solicitar o cadastro no aplicativo da empresa para realizar entregas pelas cidades em que o sistema já atua. A proposta do Shippify é diminuir os custos dos comerciantes e incrementar a renda de quem já está indo para aquele caminho e quer aproveitar para fazer uma entrega.